Recentemente, fui desafiada pelo site espanhol Ellas Hablan a falar um pouco sobre
cozinha tradicional portuguesa e a escolher as minhas receitas favoritas da nossa
gastronomia.
Ainda que, no dia a dia, não recorra às receitas ou às técnicas
originais da culinária tradicional, é um tema de que gosto bastante e tenho
vários livros sobre esta componente da nossa história e cultura, tão rica e
surpreendente para quem vem de fora. Sim, porque tenho a certeza de que quem
visita Portugal a saber muito pouco da nossa gastronomia, sai do nosso país
absolutamente rendido e deliciado.
Da minha estante, destaco o “Cozinha Tradicional Portuguesa” de Maria de Lourdes Modesto e a coleção “Coração,Cabeça e Estômago” do saudoso Alfredo Saramago.
Mas a minha ligação à cozinha tradicional portuguesa dá-se
não só pelos livros e pelas escapadinhas culinárias que faço de vez em quando,
como também pelas receitas de família e pelas refeições, sempre especiais, em
que elas eram ou ainda são servidas. O bacalhau coberto da minha avó Luísa, o pão-de-ló
de Ovar da minha Tia Céu, os rojões tenros e suculentos da minha mãe, o bazulaque
(estufado de miúdos de cabrito) da minha sogra, isto para nomear apenas algumas
das iguarias que tenho tido a sorte de saborear.
Sendo do norte, é a esta cozinha, nomeadamente ao Minho, que
vou buscar mais referências, no entanto sou igualmente apaixonada pelos sabores
alentejanos: a açorda, a sopa de cação e os coentros por tudo e por nada:
adoro!
Temos ingredientes e produtos maravilhosos em todo o país,
do Minho ao Algarve, dos Açores à Madeira, que fazem da nossa cozinha
mediterrânica um caso de sucesso, dentro e fora de portas.
E são tantos os pratos de cozinha tradicional portuguesa de que
gosto, que a escolha não se adivinhava fácil. Resolvi cingir-me às receitas
publicadas no Lume Brando e a escolha ficou bem mais simples, pois verifiquei
que tenho de aumentar urgentemente o repertório de pratos e sobremesas
tradicionais! Mesmo assim, consegui encontrar três receitas que podem compor
uma refeição com sabores tradicionalmente portugueses. Espero que as leitoras
do Ellas Hablan gostem e se sintam
inspiradas a saber mais sobre a culinária de Portugal.
Bom apetite!
Entrada
MINITARTES DE BROA DE AVINTES COM ALHEIRA E ESPINAFRES
Para 4 ou 5
minitartes, dependendo do tamanho das formas
130 g de broa
20 g de azeite
2 chávenas almoçadeiras de espinafres frescos
Azeite qb
2 dentes de alho picados
4 ou 5 ovos de codorniz
Pimenta preta acabada de moer
Pré-aqueça o forno nos 180º. Unte forminhas de queque
com manteiga ou azeite e polvilhe com farinha. Rale a broa num processador de
cozinha. Junte o azeite e envolva, deve ficar uma massa moldável. Forre as
forminhas de tarte com a massa, pressionando-a no fundo e à volta, esticando-a
bem com os polegares; não precisa de forrar as paredes das formas até cima.
Retire a pele à alheira e distribua o recheio pelas formas. Leve ao forno cerca
de 15/20 minutos, até a alheira começar a borbulhar e massa de broa começar a
ficar crocante. Entretanto salteie os espinafres (ou outras folhas verdes, como
por exemplo grelos previamente cozidos al dente, com 1 dente de
alho picado num fio de azeite. Retire as tartes do forno, distribua os
espinafres, pressione um pouco para formar uma cavidade em cada tarte e coloque
aí um ovo de codorniz (para partir os ovos de codorniz, pouse o ovo numa tábua,
segure-o com cuidado e abra-o com uma faca afiada, começando por espetar esta
na casca, sem pressionar demasiado). Leve ao forno mais 10 minutos ou até o ovo
estar ao seu gosto (vá espreitando). Deixe arrefecer um pouco, desenforme com a
ajuda de uma faca, salpique com um pouco de pimenta preta acabada e moer e
sirva acompanhado de uma salada.
Prato principal
POLVO NO FORNO COM LARANJA
Cozer o polvo de forma habitual.
Entretanto lavar e descascar as batatas, de preferência das novas, pequeninas, temperá-las com sal, alho picado, um fio de azeite e outro de vinagre de cidra, e levá-las aí uns 10 minutos ao micro-ondas na potência máxima. Isto vai permitir que elas assem depois mais rápido, pois de outra forma o polvo precisaria de estar muito mais tempo no forno até elas ficarem bem douradinhas.
Preparar a assadeira: cobrir o fundo com azeite e rodelas finas de cebola.
Escorrer o polvo, parti-lo em pedaços mais pequenos e colocá-lo na assadeira. Juntar as batatas pré-cozinhadas. Dissolver uma colher e meia de sopa de polpa de tomate ou ketchup no sumo de uma laranja e verter sobre o polvo e as batatas. Levar ao forno bem quente até o polvo começar a ficar tostadinho e as batatas bem douradinhas. Durante a assadura, ir regando o polvo e as batatas com o molho formado.
Acompanhar com grelos salteados, por exemplo.
Sobremesa
TORTA DE VIANA
6 ovos, separados
Raspa de limão qb
125 g de açúcar
100 g de farinha sem fermento
Açúcar para polvilhar
Doce de ovos*
Pré-aquecer o forno nos 200º.
Forrar um tabuleiro (usei um com 36 x 24 cm) com papel vegetal e untar com manteiga ou spray desmoldante.
Bater bem as gemas com o açúcar e a raspa de limão com uma colher de pau, durante cerca de 5 minutos).
Bater as claras em castelo e envolvê-las na mistura das gemas.
Adicionar a farinha, envolver bem para que fique integrada na massa.
Verter sobre a forma, alisar e levar ao forno cerca de 14 minutos ou até o palito sair seco do seu interior (usar um palito fino, para não deixar marca).
Desenformar sobre um pano de cozinha húmido e polvilhado com açúcar.
Retirar o papel vegetal com cuidado e barrar com o doce de ovos.
Aguardar uns 10 minutos e enrolar com a ajuda do pano.
Deixar que arrefeça mais um pouco, aparar as extremidades, se desejar, e passar para o prato de servir.
*Doce de ovos
6 gemas + 1 ovo inteiro
250 g de açúcar
125 g de água
1 pedaço de casca de limão
1 pau de canela
Num tachinho, levar ao lume a água, o açúcar e os aromatizantes (limão e canela).
Sem mexer, deixar levantar fervura. Quando começar a borbulhar (bolhas grandes em toda a superfície da calda), contar 3 minutos. Retirar do lume, descartar o limão e a canela e verter em fio sobre as gemas e o ovo previamente desfeitos numa taça de metal, mexendo sempre. Coar para o tacho e levar ao lume até engrossar, cerca de 10/15 minutos, mexendo sempre para não ganhar grumos e sem deixar ferver. Colocar num frasco, deixar arrefecer e conservar no frigorífico (dura várias semanas). O que sobrar, pode usar para rechear outros bolos e utilizar noutras sobremesas.
Podem ver o artigo original, clicando aqui.
Eu cá gostei de todas as sugestões! :)
ResponderEliminarhttps://acasinhadasbolachas.blogspot.pt
que blog mais simpatico.. adorei.. vou lhe seguir.. beijinho
ResponderEliminarblogmariamatias.blogspot.com
Fantásticas sugestões!
ResponderEliminarQuanto à torta, não leva fermento?
Olá Marlene, obrigada pelo seu comentário.
ResponderEliminarNão leva fermento, não ;)
A farinha também não deve ter fermento.
Como a massa é muito batida, o ar que que é introduzido é suficiente.
Não queremos que o bolo cresça demasiado, se não, seria difícil enrolar!
Beijinho
Teresa
Obrigada A Casinha das Bolachas!
ResponderEliminarBeijinho
Maria Matias: muito obrigada pelo seu comentário!
Já vi que também tem um blog, prometo ir lá espreitar :)
Beijinho
Teresa