Sabem quando temos imensas receitas marcadas, dezenas de post-its coloridos a espreitarem das lombadas, pilhas de livros e revistas de cozinha com cantos de folha mentalmente dobrados na mesinha de cabeceira e, de repente, a vida dá-nos duas horas por nossa conta na cozinha, em que somos absolutamente livres de experimentar o que quisermos, e surge um bloqueio terrível?
Que receita escolher?
Quero acreditar que isto não me acontece só a mim.
A única vantagem é que quanto mais demorado o bloqueio, mais receitas vão ficando para trás, com o tempo de preparação e confecção a servir de primeiro critério de escolha.
Estas tartes resultaram de um desses momentos feitos de altos e baixos, que nem a clareza de ideias que a Primavera me costuma trazer conseguiu evitar: desde o êxtase de ter tempo para a cozinha, a angústia na escolha das receitas, o conforto da selecção final tendo em conta os ingredientes disponíveis e, por fim, o prazer da descoberta de uma nova conjugação de sabores, de texturas ou simplesmente de uma nova técnica de cozinha.
Gosto muito da revista Saveurs. Foi uma descoberta tardia, várias vezes adiada pelo medo que tinha das palavras gaulesas. Tive poucos anos de francês na escola, tenho reduzida ligação à língua e achava que não valia a pena comprar a revista se não ia perceber o que lá estava. Mas um dia não resisti à fotografia da capa e achei que o tradutor do google e a web me poderiam ajudar. De facto, tem sido mais fácil do que eu pensava. Depois da primeira, já comprei mais edições e aconselho sobretudo os números especiais: de aniversário, só de sobremesas, das melhores receitas do ano, etc. Para mim é daquelas revistas que valem mesmo a pena, tanto, ou mais, que muitos livros.
A receita para estas tartes encontrei-a precisamente na edição especial nº 200. Ao contrário da receita original, usei massa quebrada caseira, pêras frescas e não de conserva, e terminei com uma mistura de canela e açúcar em pó. Apesar de as ter feito para sobremesa, concluí que são mais indicadas para lanche, pois são bastante leves e pouco doces. Acho que lhes falta um certo power que gosto de sentir nas sobremesas, mas acho que isso se podia resolver com uma bola de gelado...
Ah, o título do post deve-se ao facto de eu ter Sofia no nome. Já agora, para as gerações mais novas, "A escolha de Sofia" é um filme do início dos anos 80, com Meryl Streep no papel principal.
Para 8/10 tartes pequenas
Para a base:
250 g de farinha sem fermento
125 de manteiga ou margarina fria (gosto de usar Vaqueiro)
2 ovos pequenos
1 pitada de sal fino
Para o recheio e cobertura:
65 g de manteiga amolecida
65 g de amêndoa moída
65 g de açúcar amarelo + 1 colher de sopa
1 ovo
3 pêras
1 limão pequeno - sumo
Uma colher de café de rum (opcional)
2 ou 3 gotas de extracto de baunilha
Açúcar e canela em pó qb
Pré-aqueça o forno nos 180º.
Descasque e corte as pêras em fatias finas para uma taça que possa ir ao microondas. Junte uma colher de sopa de açúcar amarelo, o sumo de limão e leve ao microondas dois ou três minutos na potência máxima. Retire e mexa suavemente, envolvendo a pêra na calda que se formou, e deixe arrefecer.
Faça a massa: numa taça, coloque a farinha e o sal, e adicione os ovos e a manteiga aos cubos.
Misture com as pontas dos dedos até obter uma massa uniforme. Se achar que está um pouco mole, junte um pouco mais de farinha e molde uma bola macia. Estique a massa numa superfície polvilhada com farinha, forre as formas de tarte (guarde a massa que sobrar para uma tarte salgada, por exemplo), pique o fundo da massa, coloque um quadrado de papel vegetal por cima e cubra de feijões ou pesos próprios e leve a cozer durante cerca de 10 minutos. Retire e deixe arrefecer.
Na taça da batedeira, junte a manteiga amolecida ao açúcar e bata durante cerca de dois minutos numa velocidade média. Junte a farinha de amêndoa, o ovo, o rum e a baunilha, e envolva tudo muito bem.
Quando a tarte e as pêras já estiverem frias, coloque uma camada generosa do recheio anterior em cada tarte e por cima coloque as fatias de pêra. Leve ao forno cerca de 25 minutos ou até estarem bem douradas e a massa bem cozida e estaladiça. Antes de servir, já mornas ou frias, polvilhe com uma mistura a gosto de açúcar em pó e canela.
8 comentários:
Ficaram mesmo bonitas!
Teresa Sofia, as tuas tartes estão lindas, já sei o que fazer as pêras q tenho aqui!
Que tartes lindas e apetitosas! Confesso que na hora de fazer, dá-me muitas vezes a preguiça e acabo por optar pelo formato grande, mas visualmente, as pequenas são muito mais encantadoras.
Beijinhos
Agrada-me estas tarteletes simples e com fruta! Como gosto de coisas com pouco doce, esta seria uma ótima sobremesa para mim.
Em relação às receitas, também me acontece o mesmo e agora estou a passar por uma dessas fases sem saber qual fazer primeiro.
Beijinhos e bom fim de semana
Olá Teresa :)
Acontece-me mais vezes do que gostaria.
Em Portugal comprava ocasionalmente a Saveurs, aqui como custa 15 euros, subscrevo a digital assim como outras.
Traz sempre boas sugestões, ou inspirações como esta.
Li o livro mas nunca vi o filme, tenho de tratar disso.
Beijo
Que tarte perfeita, deve estar muito saborosa!
Abraços,
www.montealegrerefrigeracao.com
Fotos lindíssimas!
Na comida a apresentação também conta muito e a suas fotos são excepcionais! Parabéns!
Fotos lindíssimas!
Na comida a apresentação também conta muito e a suas fotos são excepcionais! Parabéns!
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