[Texto e receita publicados no jornal Observador em 4 de março de 2015]
"O que
levarias para uma ilha deserta?" Partindo da premissa de que só podemos
escolher um objeto, eu responderia, sem hesitar, que levaria um livro de
cozinha. Claro que sendo a ilha ‘deserta’, provavelmente não iria pôr nenhuma
receita do livro em prática. Mas o que eu mais gosto num livro de cozinha é de
o folhear, de o ler como se fosse um romance, de me perder nas imagens, de
recriar mentalmente aquelas combinações. Ao mesmo tempo, rezaria para que na
ilha houvesse pelo menos... limões. E sabemos o que fazer quando a vida nos dá
limões, certo?
Com sorte encontraria
umas garrafas perdidas de rum de um qualquer naufrágio de piratas e, para além
de limonada, faria mojitos, que me
ajudariam a esquecer o exílio. Sim, porque na ilha haveria também
cana-de-açúcar ou arbustos de stevia
e, dadas as circunstâncias, nenhum cubano se importaria que eu trocasse a lima
por limão.
E se na ilha
houvesse ainda framboesas? E se por algum milagre operado pelo santo padroeiro
dos náufragos encontrasse um saco de farinha, uma galinha poedeira e uma vaca
generosa, a partir de cujo leite pudesse fazer queijo e manteiga? Sonhar não
custa, pois não? Nesse caso, nem precisava do livro de cozinha: a receita
perfeita seriam estas tartes. Leves e delicadas, a implorarem de mansinho que a
primavera não demore a chegar.
MINITARTES DE LIMÃO E FRAMBOESAS
Para cerca
de 10
Para a
massa:
100 g de
farinha de trigo sem fermento (T55)
25 g de
miolo de amêndoa com casca moído
60 g de
manteiga ou margarina fria
1 ovo
pequeno
1 colher de
chá de açúcar em pó
Para o
recheio
150 g de coalhada
de limão*
160 g de
queijo mascarpone
20 g de
açúcar em pó
1 colher de
café de extrato de baunilha
30 framboesas
frescas
Folhinhas de
hortelã e açúcar em pó para decorar
*Coalhada de
limão:
50 ml de
sumo de limão
1 ovo L
75 g de
açúcar
30 g de
manteiga
1 colher de
sobremesa de raspas de limão
Comece por
preparar a coalhada de limão (lemon curd,
no original; se sobrar, use como compota em scones, por exemplo; dura cerca de
15 dias guardada num frasco hermético no frigorífico).
Num tachinho
de fundo espesso junte os ovos ao açúcar, mexa bem e junte o sumo de limão,
unindo tudo muito bem. Leve ao lume médio, médio-alto, sem deixar ferver,
mexendo sempre com um batedor de varas. Deve demorar uns 10-15 minutos a ficar
cremoso. Retire do lume e junte a manteiga em pedaços e a raspa de limão. Mexa
bem até a manteiga estar derretida, passe para um frasco limpo e deixe
arrefecer.
Entretanto
prepare a massa: numa taça grande coloque todos os ingredientes, amasse com as
mãos até obter uma massa uniforme e moldável. Polvilhe as mãos com farinha, se
necessário, molde numa bola, envolva em película aderente e leve ao frio cerca
de 30 minutos. Retire, estique a massa numa superfície enfarinhada com um rolo
de cozinha e forre as formas. Apare a massa, deixando um rebordo a toda a volta. Coloque um pedaço de papel
vegetal por cima da massa, encha de feijões ou pesos próprios de pastelaria e
leve ao frigorífico cerca de 15 minutos. Entretanto ligue o forno nos 180º.
Retire as
minitartes do frio e leve-as a cozer no nível médio do forno. Após cerca de 15
minutos, retire o papel vegetal e os pesos, e deixe cozer mais cerca de 10
minutos, se possível baixando um nível do forno (para ficarem bem cozidas por
baixo). Retire e deixe arrefecer completamente.
Pouco tempo
antes de servir, junte o açúcar em pó e a baunilha ao mascarpone.
Coloque uma
camada de mascarpone em cada tarte, seguido da coalhada. Disponha as framboesas
e termine com as folhas de hortelã e o açúcar em pó. Sirva de seguida.
10 comentários:
bem. eu queria essas tartes.. e estou numa ilha.. não é é deserta, mas dá para mandar uma na mesma?
Beijinhos,
http://sudelicia.blogspot.pt/
Confesso que essa pergunta é dificil. Não sei o que levaria para uma ilha deserta, a menos que pudesse levar várias coisas: sim, travel light é algo que não acontece comigo, mas tenho vindo a melhorar LOL
Talvez levasse um bom conjunto de facas, de todos os tamanhos, para me ajudar na vida diária e para fazer ferramentas (tipo lanças para "caçar" peixes e coisas do género - mas como não consigo matar animais para comer, o mais certo era tornar-me vegetariana. Ou então até era gaja para matar para comer...)
Adorei estas tartes e já sei o uso que lhes vou dar!
Tenho apenas uma questão: onde posso comprar estasvformas de tarte?
Obrigada e continue este excelente trabalho!
Carla
Para uma ilha deserta levava estas tuas tartes: lindas de morrer e de certeza delirantemente boas, já que têm de tudo aquilo que que gosto numa sobremesa!!! As fotos estão sublimes, a imagem está toda ela genial, mesmo. Parabéns!!
http://bloglairdutemps.blogspot.pt/
Olá Susana, estas já acabaram, eheheh, mas são mais fáceis de fazer do que parece! Beijinho
Ondina: com esses instintos de sobrevivência tão apurados, eu é que não quero ficar sozinha contigo numa ilha deserta, ahahahah!!! Mas gostei da ieia de levar facas ;)
a: comprei as formas na NORTEL (no Porto fica na Rua Fernandes Tomás). São formas de sidónios.
Obrigada Miranda!
Beijinhos para todas
Teresa
É uma pergunta difícil, só uma coisa para levar, mas antes de te ler, já estava aqui a pensar: um livro!
Acompanham-se sempre os livros, quer seja no trabalho como em casa, nas viagens, nos pensamentos.
E uma tarte destas também me fica já no pensamento!
Que lindas Teresa. Um beijinho.
Eu ia contigo e tenho a certeza que fome não passaria, posso provar essas tartes?
Hahahaha que bela pergunta, e acho que levaria um mp3 com bateria eterna, porque não consigo viver um só dia sem ouvir a minha música. E claro, levava o meu marmito, porque ele com toda a certeza arranjava maneira de nos tirar da ilha, porque ele não é menino de ficar 3 dias parado no mesmo lugar :D Quanto às tartes... marchavam todas! beijos
Olá Lume brando, onde posso arranjar os pesos que se colocam em cima da massa para ir ao forno?
obrigada
Olá Maria Rita!
Eu só conheço lojas no Porto e arredores, mas julgo que os encontra nas lojas de artigos para bolos e pastelaria:
Cantinho dos Paladares, na Maia
Nortel ou César Castro, no Porto
Espero ter ajudado.
Beijinho
Teresa
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